Violência invade dia a dia daqueles que convivem com viciados.



Não sei o que eu faço agora. Olha minha casa como está bagunçada. Não tenho mais nem vontade de arrumar nada”. É assim que Elisângela Lima Vieira, 36 anos, resume a dor que sente no dia seguinte à perda do filho de apenas 13 anos.
Após ter sido assassinado barbaramente, a pedradas e facadas, na madrugada da segunda-feira, Gilvan Vieira dos Santos aumentou a conta de vítimas do tráfico. Com ele, mãe, avó, tios, primos e irmãos também passam a carregar a marca de uma família destruída pelas drogas.
O fim da vida de Gilvan, que será enterrado hoje, na Quinta dos Lázaros, é o ápice do sofrimento de Elisângela, mas não é o início e nem deve ser o fim. A mãe relata com pesar o pequeno percurso do garoto, que deixou de ser uma criança comum, daquelas que desenham um futuro no papel, e tornou-se viciado em crack, no breve espaço de três anos.
“Gilvan era um menino bom. Eu tenho certeza que ele nunca fez mal a ninguém. Era uma criança, meu Deus, não tinha noção da gravidade das coisas com que se envolvia. Ele pensava que tudo não passava de diversão”, conta Elisângela.

Enquanto chora a morte de um filho, Elisângela ainda sofre pelo desaparecimento da irmã gêmea de Gilvan, e se desespera ao imaginar que a filha possa estar correndo os mesmos riscos do filho morto. Jeane Vieira dos Santos saiu de casa antes do Carnaval, e desde então, aparece de vez em quando e quase nunca dorme por perto. Como a garota não é vista há quase uma semana, a mãe não sabe o que fazer.
“O pai dela soube que até um tiro de raspão tinha tomado. Os vizinhos dizem que a viram pelo Arenoso, mas por aqui ela não apareceu mais. Não sei o que aconteceu”, disse a mãe.




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